Em Viana: Hospital inaugurado há uma semana já é motivo de queixas por mau atendimento aos pacientes
Depois da recepção de várias denúncias de populares e de um vídeo que circula nas redes sociais mostrando o péssimo atendimento que está a ser praticado no novíssimo Hospital Geral de Viana inaugurado há pouco mais de uma semana, a reportagem do Na Mira do Crime deslocou-se ao local, tendo constatado que o hospital está devidamente equipado com aparelhos de tecnologia de última geração. Contudo, regista-se um péssimo atendimento e negligência aos pacientes.
Por: Solange Figueira
Em todas áreas do hospital visitadas pela nossa reportagem, constatou-se uma grande enchente na segunda ala de emergência, com pacientes insatisfeitos com o atendimento, agastados com a morosidade na observação de emergência, entre outras negligências.
Para que os pacientes sejam atendidos é necessário que se faça uma lista com os nomes de cada e todos têm que fazer uma enorme fila e esperar para se fazer a triagem.
Depois deste processo que demora horas, entram para a sala do médico. Soube-se que as consultas externas não estão a ser feitas por falta de médicos especialistas e foram marcadas para o próximo mês.
O hospital atende 13 especialidades, a maioria dos pacientes internados foram transferidos do hospital Américo Boavida que está em obras.
Dona Isabel, mãe e acompanhante de uma paciente, afirmou que estava desde o dia anterior a tentar fazer uma consulta com a sua filha que sofria com febres altas já fazia dois dias e não conseguia ser atendida por causa da enorme fila da emergência.
“Ontem cheguei com a minha filha que está com febres e varicela e fiquei desde as 12h a espera para ser atendida e para fazer a triagem e só me atenderam às 18h, mas mandaram-me ir para casa e voltei hoje às 7h e já são 11h, até agora ainda não fui atendida, mesmo com a bebé a arder com febres só mandam ficar na fila; o atendimento aqui é péssimo”, lamentou a senhora.
Joaquim António, outro paciente revoltado com a demora, disse que chegou ao hospital às 6h da manhã e foi directo para a emergência, mas disseram-lhe para ficar na fila e receber uma ficha para ser atendido; até às 11h continuava febril e sem atendimento.
Dona Rossana levou a filha albina, com problemas especiais, para consulta, e referiu que é a terceira vez durante a semana que não é atendida, mas quando fazia consultas no hospital Américo Boavida era sempre atendida com prioridade pela patologia da filha.
A senhora Maria, cansada e revoltada, reclamava da área da pré-triagem e das consultas externas.
“A demora aqui é demais; ontem cheguei às 8h e fiquei até às 16h para marcar uma consulta de ginecologia e fiquei muito tempo na fila, acabei por desistir de marcar a consulta; hoje o meu filho passou a noite com febres e diarreia e estamos aqui desde as 6h na fila a aguardar a ficha para fazer a pré-triagem e já passa das 10h, até agora não fui atendida, mesmo estando na urgência; isto é demais, abriram o hospital às pressas e não conseguem atender o povo”, criticou Dona Maria.
As únicas áreas do hospital com um atendimento normal são as áreas da Farmácia e Urologia, para pacientes que chegam para trocar as sondas.
Hospital recebe em 24 horas, todos os dias, entre 830 a 875 pacientes
Depois de se constatar os factos, fomos para o departamento de Humanização e, de seguida, levaram-nos até à direcção, onde fomos recebidos pelo director Clínico, Dr. Cordeiro Alves, que explicou: “o Hospital Geral de Viana é uma unidade terciária e foi criada para receber pessoas encaminhadas de outros centros; está equipado com 300 camas, 150 para pediatria e 150 para adultos; desde a inauguração tem recebido em 24 horas, todos os dias, entre 830 a 875 pacientes, o que já excede o limite, as enchentes devem-se a poucas pessoas nos Recursos Humanos e muitas vezes priorizam urgências como golpes de armas brancas, armas de fogo e agressão, por isso a outra parte da urgência, com doentes primários, têm de esperar para ser atendida”.
Prosseguindo, esclareceu que as pessoas não estão totalmente erradas, “nós temos de atender bem os pacientes e estamos a trabalhar para melhorar todos os dias, ainda temos poucos médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório e outros, por isso o atendimento não está a satisfazer os pacientes, é muita demanda, estamos com pouco pessoal, mas não deixamos de atender ninguém, muitos deles são familiares acompanhantes ou pacientes que vêm levantar medicamento; concernente ao vídeo que está a circular, não foi assim que aconteceu, ele foi editado, a senhora caída no chão não era uma paciente, era acompanhante de um paciente, veio com o seu filho doente; vê-se que a recepção estava vazia, mas provavelmente terão ido acudir outra situação”, justificou.