Têm cadeia própria armas de fogo e algemas - Turma do Apito no KM-30 tira competência da Polícia
Os moradores do bairro Canjije, localizado do KM -30, Distrito Urbano da Baia, denunciam a existência de uma Turma do Apito que os tem intimidado, instaurando o medo e terror naquela parcela de Viana. Têm armas de fogo algemas e uma cadeia donde só se sai mediante o pagamento de um valor monetário que vai dos 30 a 50 mil Kwanzas.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
Os munícipes avançaram que os brigadistas da referida turma instalaram as suas próprias regras de segurança pública, efectuam detenções e cárcere privado.
O cabecilha, disseram, é um suposto militar das Forças Armadas Angolanas (FAA), que ostenta a patente de sargento. "Os que transgridem as suas regras são levados à uma casa que eles transformaram em cânfora, e para serem devolvidos a liberdade, exigem o pagamento entre 30 e 50 mil Kwanzas.
A pessoa retida por eles pode fazer dias trancada num quarto, na 'canfora'; a comida levada para o prisioneiro pelos familiares é dividida com os brigadistas.
O jovem João Benjamim Francisco André, de 20 anos de idade, residente no referido bairro, passou por momentos difíceis, quando na noite do dia 21, foi levado de casa para a cânfora, sob acusação de ter furtado uma porta, tal como conta o pai.
"Apareceram por volta das 20 horas, eram muitos, levaram o meu filho e o trancaram na cânfora, passou lá a noite, sem comer alguma coisa", disse.
O nosso entrevistado disse ter sido obrigado a pagar 30 mil Kwanzas para que o seu filho pudesse voltar a ver a luz do sol, mesmo assim, o filho não saiu.
"No dia seguinte, os insisti que levassem o rapaz à polícia; eles concordaram e levaram-no até à esquadra da Baia”.
Os munícipes revelaram que a polícia é conivente nessas práticas do grupo do Apito. Hoje (ontem, terça-feira, 23), foram soltos 06 pessoas, os familiares pagaram as multas, mas o filho do vizinho, acusado de ter roubado um portão foi levado à esquadra da Baia, porque o pai se recusou a entregar dinheiro.
A Turma do Apito naquelas paragens tem um chefe que trabalha uniformizado com a farda das FAA.
O que mais admira é o facto de a turma possuir armas de fogo, algemas e rádios de comunicação.
Contactado pela nossa reportagem, o suposto militar, líder, disse que o seu conjunto trabalha sob orientação do comandante.
"Neste momento, estou a telefonar para a esquadra, conforme viste, o comandante orientou-nos a formar uma turma de vigilância, porque o bairro tinha muitos casos criminais", justificou.