Mecânico que matou duas enfermeiras condenado a 27 anos de prisão
Tchimbandi Ngoi vai pagar uma indemnização às famílias das duas vítimas no valor de dois milhões de kwanzas, repartidos em igual valor de um milhão de kwanzas e uma Taxa de Justiça, avaliada em 150 mil kwanzas.
Além do crime de duplo homicídio voluntário qualificado, o réu foi ainda acusado de ocultação de cadáveres, já que depois do assassinato, enterrou os corpos no quintal da sua residência durante 30 dias, bem como danos materiais, concorridos com roubo da viatura de uma das vítimas.
Celiza Menezes dos Santos, então conhecida por “Guida”, e Carlota Garcia, foram assassinadas com golpes de martelo, tendo o réu se apoderado da viatura de uma das vítimas, desmanchado e vendido todas as peças e acessórios de um Hyundai, modelo i10, à retalho, no valor de 500 mil kwanzas.
A equipa de juízes da 17ª Secção de Crimes Comuns, do Tribunal Provincial de Luanda, remeteu os autos à Câmara de Crimes Comuns do Tribunal Supremo para serem analisados, com a possibilidade de manter, reduzir ou aumentar a sanção aplicada na sede daquele órgão judicial.
Entendidos em matéria jurídico - penal sustentam que se os juízes desta secção, instalada no Palácio de Justiça de Viana, decidissem aplicar a pena com recurso à medida extraordinária, a sanção definitiva a Tchimbandi Ngoi poderia atingir os 30 anos de prisão efectiva.
As mortes das enfermeiras “Guida” e Carlota, ambas na altura funcionárias do Hospital Materno-Infantil “Mãe Jacinta Paulino” e “Ana Pau-la”, em Viana, chocaram a sociedade, a julgar pela brutalidade e frieza evidenciadas pelo mecânico.
O móbil do crime tem a ver com o facto de, na altura, Tchimbandi Ngoi suspeitar que a esposa, Irene Kavunge, tivesse perdido o bebé, alegadamente por um aborto feito pelas duas enfermeiras, mas o Tribunal concluiu que a acção foi provocada pelas agressões que a mulher terá sofrido do esposo.
As duas enfermeiras deslocaram-se até a casa do casal, arrendada no Zango 4, para ajudar a suposta paciente, depois de terem sido contactadas pelo esposo por telefone.
Celiza, que era parteira, foi quem entrou na residência, enquanto a colega a aguardava no interior da viatura. Foi recebida com golpes de martelo desferidos na cabeça, tendo conhecido morte imediata.
Depois de esconder o corpo de Celiza, Tchimbandi Ngoi pediu à Carlota Garcia que aguardava na viatura, a entrar na referida casa, alegadamente para ajudar a colega e foi igualmente surpreendida com vários golpes de martelo até à morte.