Kachiungo dispensa concorrer às presidenciais em 2022
O candidato, que falava ao Jornal de Angola durante um encontro com membros da direcção da JURA, no âmbito da campanha para a eleição ao “cadeirão máximo” da UNITA, disse que o seu foco está na liderança do partido, razão pela qual abdica da candidatura a Presidente da República, em 2022.
“A minha visão é para a UNITA. (Analisar) como é que o partido se deve estruturar nas suas mais variadas valências. Isso leva tempo e implica foco. (Por isso), não tenho pretensões de dirigir o país. Eu quero organizar a UNITA, fazê-la um partido forte, robusto e com projecção para a história”, afirmou Kachiungo, 56 anos, que se sente confortado no papel de um parceiro de quem governa o país.
Os estatutos da UNITA estabelecem que o líder do partido é o cabeça de lista (candidato a Presidente da República) da formação política nas eleições gerais. No entanto, existe uma tese a ser discutida durante o próximo congresso que pretende alterar essa cláusula, permitindo que o candidato a Presidente da República não seja, necessariamente, o líder do partido.
Com a afirmação de não pretender a candidatura à Presidência da República, José Kachiungo, derrotado por Isaías Samakuva no congresso de 2011, deixa implícito que é favorável à referida tese ou, pelo menos, não obsta que a mesma seja aprovada.
Durante o encontro com os membros da organização juvenil da UNITA, Kachiungo, o mais jovem entre os aspirantes à sucessão de Isaías Samakuva na direcção do partido, chamou a atenção dos delegados ao congresso para não votarem num ou noutro candidato apenas por simpatias.
“Não aceitem candidatos por simpatias ou porque se veste bem. A UNITA é uma coisa muito séria. É a última etapa para a dignificação do povo angolano”, disse.
O candidato afirmou que está comprometido com a causa da UNITA e não com coisas (cargos e/ou benesses). Para Estêvão José Pedro Kachiungo, o conclave de Novembro “é o congresso da depuração daqueles que estão comprometidos com as coisas”, exortando, com efeito, os delegados a
estarem atentos. “O nosso partido está sob ataque”, alertou o político, para quem o XIII congresso ordinário é a oportunidade de realinhá-lo.
“Não hipotequemos o partido”, exortou. Na ocasião, o candidato falou sobre o seu percurso no partido, a que aderiu muito cedo, por in-fluência dos pais, bem como o papel que pensa atribuir à JURA, que considerou o suporte da direcção do partido.
Natural do município do Kachiungo, província do Huambo, Estêvão José Pedro Kachiungo tem uma licenciatura em Ciências Políticas e um mestrado em Administração Pública. No aparelho do partido, já foi di- rector do gabinete do fundador do partido, Jonas Savimbi, membro da delegação da UNITA nas negociações de Gbadolite e Bicesse e da “missão externa” do partido, mais concretamente em Portugal, onde fez a formação. Actualmente, é primeiro vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA.
Além de Kachiungo, que apresenta formalmente o seu manifesto eleitoral no próximo sábado, em Luanda, concorrem à liderança da UNITA o actual porta-voz do partido, Alcides Sakala, o presidente do grupo parlamentar, Adalberto Costa Júnior, e o antigo secretário-geral, Abílio Kamalata Numa.
A candidatura do vice-presidente cessante, Raul Danda, foi chumbada, pelo facto de o político não ter provado que tem 15 anos de militância ininterrupa na UNITA. Mas Danda interpôs um recurso para, até ao próximo sábado, tentar provar o contrário.