Sob olhar impávido da UNITA - Família Chingunji faz tudo para localizar ossadas de familiares degolados na Jamba
Antes que a situação ganhe outros contornos, mormente políticos, a família Chingunji espera que a UNITA não estique muito para depois o processo de localização dos restos mortais de seus familiares perecidos na Jamba, entre 1989 e 1990.
Por: Rosa Branco, em Lisboa
Fontes familiares asseguram que têm informações fidedignas de que muitos militares e políticos que participaram, assistiram ou mesmo "degolaram" Tito Chingunji, Dinho Chingunji, Wilson Santos e suas respectivas famílias, estão em vida e alguns a residir em Luanda.
"Se houver boa vontade e até mesmo responsabilidade, a UNITA pode ajudar a localizar os autores e, por via deles, os restos mortais.
As mesmas fontes consideram não fazer sentido que o Executivo/MPLA tenha feito e esteja a fazer a sua parte, com a entrega de corpos de Jonas Savimbi, Ben Ben, Alicerces Mango e Salupeto Pena, devendo, mais tarde, dar os de Jeremias Chitunda e Eliseu Chimbili, e a UNITA pense que, quanto aos Chingunji, seja para depois.
Ou melhor, ainda não está agendado, tal como fez saber o Secretário-Geral, Álvaro Chikwamanga.
Com a criação da comissão em memória das vítimas dos conflitos políticos em Angola, "esperávamos mais empenho da parte de todos os actores, mas infelizmente não é isso que está a acontecer", enfatizaram familiares de Cbingunji que, ainda assim, acreditam que dentro do partido da oposição angolana há pessoas, também familiares de Cbingunji, que poderiam ajudar neste processo, destacando o nome de Artur Ruben Sikato.
"Nós não nos vamos cingir apenas no tratamento de certidões de óbitos; nós queremos que os restos mortais de nossos familiares sejam identificados e a sua análise forense seja feita", pressionaram, fazendo fé a rumores segundo os quais os corpos dos Chingunji estariam num local fácil de localizar por ser apenas uma vala comum só da família.
Antes que seja tarde, eles esperam que o antigo Ministro do Interior da Jamba, Miguel Zau Puna, ajude na identificação do local onde foram fuzilados e consequentemente enterrados.
"Ele é uma das pessoas mais indicadas, que nos pode ajudar", apontam esperançosos.
Outra pessoa que pode ajudar é o sobrinho de Jonas Savimbi e irmão de Ben Ben, o brigadeiro na reforma Kamy Pena, que, nas vestes de chefe da segurança de então, controlava todo dossiê.
"A UNITA que nos ajude neste processo; a direcção actual deve criar uma comissão que trabalhe neste e noutros processos, se houver", pediram, sublinhando que isso ajudaria melhorar a sua imagem como partido que reclama sempre por uma reconciliação efectiva. Para eles, os pronunciamentos de Álvaro Chikwamanga estão desalinhados com o processo em causa.
"Se aplaudem os esforços do Executivo neste sentido, então mostrem que também podem ajudar as famílias a sarar as feridas do passado", exigiram