Quando o assunto é consenso - Carolina Cerqueira vai seguir as pegadas de Nandó?
As informações postas a circular sobre a suspensão de mandato de Fernando da Piedade Dias dos Santos e de Bornito de Sousa, na Assembleia Nacional, caíram com naturalidade sobre muitos políticos e a sociedade em geral, porque a essas duas figuras só faltou assumir o cargo de Presidente da República.
Por: Lito Dias
Ao nível da Assembleia Nacional a saída de Fernando da Piedade Dias dos Santos 'Nandó', por si só, deixa muitas saudades, havendo mesmo aqueles que se sentem meio órfãos, não muito pelo tempo de convivência, mas pela obra deixada na casa das Leis ao longo de quase 14 anos.
Fora do comum, Nandó deixou boa impressão a todos os deputados, independentemente da força política a que pertencem.
"Era uma figura de consenso", disse um funcionário, salientando que mesmo nos momentos mais conturbados, "ele aproximava as partes, na busca de consenso".
A saudade por Fernando da Piedade Dias dos Santos, acrescentou, poderá perdurar se Carolina Cerqueira não souber seguir está maneira de resolver diferendos.
"É a busca de consensos que vai fazer a diferença", enfatizou.
Estreia azeda de Carolina
No dia em que Carolina Cerqueira tomou posse como nova líder do Parlamento, o ambiente ficou marcado pela falta de consenso entre as principais forças políticas: MPLA e UNITA, no que a hierarquização das Vice-presidências diz respeito.
Até hoje, só se fala na cerimónia da abertura da primeira sessão legislativa da quinta legislatura da Assembleia Nacional, que vai acontecer, por imperativo constitucional, no dia 15 de Outubro.
A constituição do corpo directivo do parlamento angolano continua pendente, porque o MPLA e a UNITA ainda não se entenderam sobre quem deve ocupar a segunda Vice-presidência.
A UNITA considera que se com 70 deputados obtidos nas eleições de 1992, ocupou a tão almejada segunda Vice-presidência; agora que tem 90 deputados, não haveria motivos para não voltar a ocupá-la.
Se voltasse a acontecer esse Vice-presidente teria poderes de participar em todas as reuniões da Direcção da Assembleia Nacional, tendo, deste modo, o controlo da situação.
Mesmo tendo já aceitado a exigência da UNITA, o MPLA arredou o pé sem explicação plausível.
Mas percebe-se que o partido no poder terá se arrependido ao ceder a segunda Vice-presidência ao rival visceral na concertação havida, tendo, em segundos, voltado à primeira forma.
Por isso, o desfecho deste caso dependerá fundamentalmente da vontade da liderança do MPLA do que da pressão da UNITA que até já recorreu, desesperadamente, ao Tribunal Constitucional.