Cidadão vive em condições míseras com crianças e sem recursos para tratar um filho que sofreu intervenções cirúrgicas
Um cidadão nacional que responde pelo nome José Manuel Avelino, de 38 anos de idade, residente no bairro Capalanga, próximo ao triângulo da entrada para o Instituto Superior Politécnico Jean Piaget, município de Viana, está a passar por uma série de dificuldades, por ter perdido o emprego após ter passado quase três meses hospitalizado com o filho, que foi submetido a duas intervenções cirúrgicas.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
José Manuel é pai de quatro filhos, fruto do relacionamento com sua esposa, que em vida se chamou Sara Wandi Pedro, falecida no mês de Março do ano corrente.
Uma semana depois, o filho, José Elisandro, de quatro anos de idade, começou a apresentar problemas de saúde e foi levado para o hospital do Capalanga.
Como o pequeno precisava de cuidados médicos especializados, no dia 08 de Março foi transferido, para o Hospital Pediátrico David Bernadino.
Após várias análises clínicas, o paciente foi levado para o bloco operatório por conta de uma peritonite (infecção da membrana serosa que reveste as paredes interiores do abdómen), e foi submetido a uma colostomia (intervenção cirúrgica em que o médico coloca uma parte do intestino fora do abdómen para a evacuação das fezes).
"Levei o meu filho ao hospital do Capalanga e dias depois foi transferido para o hospital Pediátrico onde foi submetido a duas operações cirúrgicas; na altura eu estava sem dinheiro devido aos gastos feitos durante o óbito da minha esposa, vivia por conta da ajuda de pessoas no hospital", avançou o pai.
Uma das maiores dificuldades, contou em exclusivo ao Na Mira do Crime, "foi conseguir as fraldas descartáveis, porque com o intestino fora precisava sempre de fraldas limpas para não infectar a ferida, graças a Deus, as pessoas sempre me ajudaram", agradeceu.
Durante o período que esteve no hospital com o filho internado, outros três filhos, menores de idade, ficaram em casa, sem a devida segurança e à sua própria sorte para se alimentar.
Os marginais aproveitaram-se da fragilidade das crianças e roubaram todas as coisas de casa.
Como se não bastasse, recebeu a informação de que havia sido desempregado. Foram cerca de três meses no hospital, no dia 24 de Maio, o paciente obteve alta.
"Quando voltei à casa chorei ao ver os meus filhos em péssimas condições, desnutridos, porque só comiam caso algum vizinho desse comida, lembrei - me da minha falecida esposa", disse chorando.
Sem trabalho, com um filho que precisa de cuidados especiais que deve seguir as recomendações alimentares e de tratamento ambulatório saídos do Hospital, José Manuel disse contar apenas com a ajuda dos vizinhos.
"Recomendaram comer banana, inhame, ovos, feijão, muamba de ginguba torrada, papa de aveia e fazer curativos da ferida, que custa mil kwanzas por cada curativo e tenho que levar o soro, gazes e adesivos, não tenho dinheiro para comprar o material e a ferida pode infectar", lamentou.
Para piorar a situação, a casa em que vive aquela humilde família é arrendada e o dono ameaça tirá-los de casa caso não liquidem os meses em dívida.
A casa não tem quarto de banho, as necessidades são feitas ao ar livre, junto à residência, não tem corrente eléctrica e passam as noites às escuras, dormem no chão por falta de pelo menos um colchão para o doente.
O fumo da lenha que usam para confeccionar um pouco de comida dada pelos vizinhos causa problemas de irritação e dificuldade respiratória ao doente, assim como à família toda.
"Eu peço a Sra. ministra da Saúde e aos demais, que tomem em conta a minha situação; preciso dos medicamentos receitados e, caso alguém tenha um trabalho para mim, por favor, eu posso fazer de tudo um pouco para alimentar as crianças", apela.
Realça-se que o paciente precisa de fraldas, que segundo o pai, gasta pelo menos dezoito pares por dia.
Quando está em falta o doente chora muito devido ao ardor causado pela presença de sujidade ao redor da ferida.
O estado de saúde não é satisfatório, e, no próximo dia 04 de Julho volta ao hospital para mais uma intervenção cirúrgica. Apela-se às pessoas de bem e à sociedade em geral para ajudar este cidadão, as crianças, que tanto precisam.