Utentes denunciam práticas de corrupção na Loja de Registos em Cacuaco
Os utentes que ocorrem aos postos de Registo Civil para tratarem uma Cédula Pessoal ou o Bilhete de Identidade têm denunciado diversas práticas de corrupção que são recorrentes nas Lojas de Registo em Luanda. Desta feita, a denúncia vem da Vidrul, no município de Cacuaco
Por: Kihunga Bessa
Pereira Augusto, um dos utentes que na semana passada não conseguiu tratar o Bilhete de identidade do seu filho de 14 anos de idade, explica que já faz três dias que vai à Loja de Registo a fim de ver resolvido o problema de cidadania do pequeno, mas por causa do “esquema” que ali existe não consegue solucionar a situação.
Segundo o mesmo, ao que sabe, para tratar o Bilhete de Identidade pela primeira vez não se cobra absolutamente nada.
Por esse motivo, durante três dias, Pereira Augusto, sendo residente da Ecocampo, sai de casa às cinco horas e leva no máximo trinta minutos até ao local.
O certo é que quando chega fica sempre atrás de cerca de quarenta pessoas nas listas de atendimento.
Realçou ainda que os funcionários dos registos têm uma meta de atendimento diária de 60 pessoas, entre os bilhetes e as cédulas.
Na recolha, recebem apenas um total de quarenta processos e os restantes vinte ficam para os esquemas de quem quiser tratar um bilhete rápido pagando 2500kz e quem quiser tratar um Acento de Nascimento de menor, igualmente rápido, custa 6000kz através de ditos “colaboradores”.
Quem também denunciou as mesmas práticas é o senhor Ngonga Kinanga, morador do bairro da Cerâmica que não tendo conhecimento do esquema, explica que no mês passado, quase discutiu com o homem da recolha por não receber a sua documentação.
Depois de varias denuncias, na manha de quinta -feira (13), por volta das 5:30, uma equipa do reportagem do jornal NA MIRA DO CRIME fez-se ao local para ver, in loco, a situação, e foi possível constatar a realidade dos factos.
De acordo com Mayamona Francisco, para conseguir tratar com facilidade um documento, deve “comprar” o lugar cimeiro aos seguranças um dia antes, no valor de 1000 kz.
“Se quer tratar rápido, paga só já 1000 ou 700kz, hoje, no segurança e amanhã pode chegar 8 horas e vai tratar”, revelou.
Deu para perceber que o esquema começa na porta com os seguranças e estende-se até ao interior da instituição.
Por exemplo, o jovem nas imagens foi flagrado em delito a receber documentos e valores de vários cidadãos que também procuravam pelos mesmos serviços.
Outra denúncia vem do posto de registos da Combuessa, onde o negócio é feito por via do intermediário mais conhecido de Cacuaco, o Máquina.
De acordo com os utentes, eles simulam não haver serviço mas, ao pagar 20 mil kwanzas, o cidadão poder tratar o BI na hora.
A equipa de reportagem deste jornal tentou contactar o director municipal dos Registos e Modernização Administrativa, Diogo Leite, por via telefónica, para saber mais sobre o “esquema” que ali é feito de forma descarada, mas sem sucesso.