Lussaty destapa as cubas e mostra as miudezas do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado
A apreensão de dinheiro e outros bens de Pedro Lussaty, oficial da casa de segurança do Presidente da República de Angola, não deve ser vista apenas como um facto extraordinário dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), mas deve, acima de tudo, chamar—nos à atenção sobre como, em Angola, as pessoas próximas ao poder têm facilidade de se enriqueceram, de qualquer maneira.
Por: Lito Dias
Pelos relatos tanto da Procuradoria Geral da República (PGR) como da imprensa, facilmente se depreende que o Chefe das Finanças da banda musical do chefe de Estado, só foi apanhado ou porque não confiou em ninguém, ou confiou demais numa pessoa errada.
Abordando o caso vertente, o major Pedro Lussaty entra na curta lista de pessoas que conseguiram 'furar' o betão de segurança, não só presidencial, dos serviços de segurança de uma maneira geral, como também dos serviços de segurança externa que, diga—se, deixaram ou não viram sair muito dinheiro do país para o estrangeiro.
Angola já registou o desaparecimento de aviões em pleno aeroporto, outros em voo, sem e explicação plausível quanto ao seu desfecho.
Já houve também efectivos das Forças Armadas e da Polícia Nacional que auferiam salários muito além das suas categorias.
Já houve transferências de 900 milhões que se deduz ter sido com o consentimento do antigo Presidente da República.
Os nossos serviços só se aperceberam dessa transferência graças a Londres.
O major Pedro Lussaty, sem rodeios, e de forma faseada, conseguiu transferir mais de um bilião de dólares, sem os serviços de segurança e bancários se aperceberem.
Estranho mesmo é saber que, muito recentemente, um instrutivo do BNA orientava os bancos a controlarem todas as movimentações bancárias em moeda estrangeira, com valores superiores a 100 mil dólares norte—americanos.
Já com a crise de divisas, tal movimento nem sequer se efectiva. Poucos se interessam saber as razões que levaram o agora major mais famoso do mundo a guardar tanto dinheiro em casa, nem mesmo onde pretendia aplicar tais valores monetários.
Mas todos sentem—se intrigados com a facilidade com que um (simples?) major consegue adquirir dinheiro com selo do Banco Nacional, e ter acesso a uma quantidade elevada de divisas, numa altura em que o país tem vários projectos de desenvolvimento estão encalhados pela inacessibilidade às divisas.
SUPER MAJOR
Em Angola, e como em toda parte do mundo, conhece—se os limites de um major. Só que, no caso específico de Lussaty, trata—se de um major com super—poderes ao ponto de, diante dos serviços de segurança, tidos como um dos melhores de África, conseguir acumular riqueza que, junta, resolveria muitos problemas do país.
Já se comenta e se questiona à boca pequena, se um simples major do exército ou da força aérea, com o cargo de Pedro Lussaty, teria o que este teve.
Sabe—se que todos os efectivos da Segurança Presidencial têm um salário elevado, se comparado com o dos três ramos das Forças Armadas.
Mas não é tão elevado para propiciar tanta luxúria. Seguindo o filão, com todo rigor, descobrir—se—á, seguramente a forma de angariar fundos e mundos, sendo apenas chefe das finanças da banda musical da Presidência da República.
O filão dará ao chefe imediato de Lussaty e este ao seu superior imediato e, assim, descobrir a rede toda. No meio castrense, alguns defendem e apoiam a exoneração de oficiais generais efectuada esta segunda-feira, mas sugerem que a exoneração devia estender—se ao próprio ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general na reforma, Pedro Sebastião.