Caçadores acusam chefe do Departamento de Armamento e Explosivos da Polícia de ‘mixar’ com a venda de cartuchos de caçadeiras
Caçadores licenciados no Departamento de Armamento e Explosivos da Polícia Nacional (PN), estão agastados com o comportamento do chefe de Departamento, Subcomissário António Chacoco, por supostamente ter baixado orientações verbais para se atender apenas a cada utente uma caixa composta de 250 cartuchos de caçadeira, diferente de outas vezes, onde o cliente poderia obter quantas caixas quisesse.
Por: Matias Miguel
De acordo com caçadores que falaram ao NA MIRA DO CRIME sob anonimato, o oficial da Polícia orientou os funcionário da loja de vendas de cartuchos da corporação, a não venderem mais do que uma caixa, sem no entanto obedecer alguma norma da instituição
João Matondo (nome fictício), também oficial da Polícia, diz que percorreu cerca de 700 quilómetros do Huambo para Luanda, para adquirir mil cartuchos, porém, posto na capital, ficou surpreendido quando foi informado por um dos funcionários da única loja de venda dos cartuchos da Polícia Nacional ao nível do país, que só poderia obter apenas uma caixa.
“Obrigaram-me a comprar no mercado informal, e que não é distante da empresa estatal, tive que comprar primeiro na empresa Maxam CPEA, que é privada, e depois aos rapazes que vendem os mesmos cartuchos que venda a polícia, justamente nas escadas da loja Polícia, ou seja, sabem de antemão que não vão nos vender o número que queremos, e eles oferem de tudo um pouco”, denunciou.
Um outro cliente que também não quis ser identificado por ser oficial da PNA, diz que essa é uma forma de sabotar o Governo.
“Estes rapazes são funcionários subalternos de quem controla este departamento”, acusou, e o esquema tem o seguinte modos operandi: “A rede abrange desde camionistas, pessoal alfandegários e transfronteiriços. A partir da África do Sul e da Namíbia, colocam o material cá no país, e depois, sabendo da falta do material, ou da suposta falta de material, fazem chegar a pequenos empresários, que, com ajuda de quem manda no departamento, possibilita a venda do produto mesmo nas barbas do vendedor oficial”.
Durante a nossa reportagem, fomos abordados por jovens que fazem a venda dos cartuchos, que se gabavam ter todos os tamanhos, preços e gostos, e sem que o cliente tivesse que se preocupar com a quantidade a levar.
O produto é apresentado através de imagens de telemóveis dos jovens, e os preços só são discutidos, caso o comprador mostra realmente interesse e desloca-se até ao local onde está armazenado o produto.
Tudo que fizemos é legislado, defende-se Subcomissário Chacoco
O NA MIRA DO CRIME procurou o chefe de Departamento de Armamento e Explosivos da Polícia Nacional, Subcomissário António Chacoco, que começou por desmentir a sua participação em vendas ‘anárquicas’.
“São falsas acusações, tudo que fizemos aqui é legislado, admito que não poderei agradar gregos e troianos, mas o que estamos a fazer é organizarmo-nos, para estar nos níveis de países como a África do Sul e a Namíbia, onde cada caçador tem um livrete da arma, e uma licença de porte de arma, e devem ainda, sempre que necessário, antes de adquirir cartuchos de caçadeiras, solicitar ao departamento e justificar a razão desta aquisição”.
De acordo com o oficial, estão a lidar com equipamento que mata animais e também pode matar homens.
“O que se passa é que os nossos caçadores, não têm cultura de registar as armas e cartuchos que adquirem nos países vizinhos”, observou, para depois aconselhar os caçadores a organizarem-se em cooperativas.
“Tenho aqui várias requisições a pedirem 250 caixas de cartuchos de caçadeira, estão aprovadas, já às balas, os requisitos são mais abrangentes”.
Quanto aos jovens que cercam a loja de vendas de cartuchos, o oficial diz que fazem a venda ilegalmente, e por isso têm os dias contados e podem ser culpabilizados por uso ilegal destes meios.